sábado, 20 de fevereiro de 2010

A voz do povo é a voz de Deus?

Este adágio popular dizendo que a voz do povo representa a voz de Deus já está mais do que enraizado em nosso subconsciente. Mas será que isso é uma verdade incontestável?

Deixe-me fazer referência a um caso bíblico. A Bíblia diz que a nação de Israel não tinha um rei. O povo era guiado pela orientação dos sacerdotes e juízes, que por sua vez, faziam uso da Lei de Moisés para os dirigir. Mas em uma certa ocasião, aquele povo olhou para as demais nações e desejou ter um rei como aquelas. O sacerdote e juiz da época, Samuel, ficou muito triste por essa reivindicação do povo. Deus, por sua vez, falou com Samuel e disse que aquela decisão não era uma rejeição ao profeta, mas uma rejeição deliberada e direta ao próprio Deus. Portanto, Deus recomendou a escolha de Saul para ser o primeiro rei da nação. No entanto, Deus disse para Samuel que conscientizasse o povo de que aquela escolha lhes traria muitas dores.

Trazendo para os dias atuais, será que todos os pleitos do povo são dignos de se dizer que representam a voz de Deus? Será que quando a voz do povo aclama um indivíduo mau caráter para um cargo governamental, isso representa a voz de Deus?

Para exemplificar, vou me valer da polêmica local a respeito do carnaval. A prefeita Maristela resolveu fazer cortes no investimento público para essa, que a maior festa popular do país. A chiadeira foi grande. A imprensa está divulgando que a administradora chegou a ser vaiada por parte dos foliões insatisfeitos com a sua decisão. Mas eu faço a seguinte pergunta: será que o investimento público municipal não já foi de um tamanho acima do normal para uma administração marcada por frustração nas previsões de receitas? Como que existe uma forte "voz do povo" a criticar essa redução de investimentos? Isso seria a voz de Deus?

Ora, se outras áreas essenciais da administração estão sofrendo, sob a alegação de falta de recursos, como manter um investimento elevadíssimo para o carnaval, como vinha sendo praticado em outros anos?

Eu não estou escrevendo isso para apaparicar a administração pública municipal. Eu não tenho motivações impositivas para isso. Eu até tenho uma visão diferente daquela praticada pelo governo municipal. Eu acho que só bastaria 20% do que foi investido neste ano. Apenas faço uma análise imparcial, baseado na lógica do bom senso.

Voltando ao título da postagem, é preciso se fazer uma análise sobre determinadas afirmações do nosso quotidiano. Se não agirmos assim, poderemos estar cometendo injúrias contra o próprio Deus.

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